No final do século XXI, mais de 11 biliões de pessoas irão habitar este planeta, de acordo com a última previsão da divisão populacional das Nações Unidas. A previsão sublinha a afirmação do Presidente Obama no anúncio do Plano de Energia Limpa da EPA dos Estados Unidos: “Nós só temos uma casa. Nós só temos um planeta. Não há nenhum plano B.”
Mas enquanto o número em si parece espantoso, as verdadeiras questões podem residir na desigualdade do crescimento populacional: Onde é que a população está a crescer mais rapidamente? E que grupos etários terão a maior população?
“Quer seja 10 bilhões ou 11 bilhões, é um grande número e isso tem enormes implicações para a segurança alimentar, para a gestão de recursos, para o meio ambiente”, disse K. Bruce Newbold, diretor da Escola de Geografia e Ciências da Terra da Universidade McMaster, no Canadá. “Detesto ser um adivinho, mas tenho preocupações se estamos preparados para isso”. Embora o crescimento populacional esteja a abrandar, a própria população mundial está a aumentar, disse ele, e em áreas já muito vulneráveis, como África.
Esta revisão das previsões anteriores da ONU incorporou novos dados de inquéritos nacionais recentes e inquéritos demográficos e de saúde. De acordo com as estimativas revistas, a Índia deverá ultrapassar a China seis anos antes do previsto anteriormente, mas ambos os países enfrentam o espectro do envelhecimento da população.
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A mudança climática multiplica o stress
A China enfrenta-o mais do que a Índia, devido à política de um filho da China, que fez baixar significativamente as taxas de fertilidade, mesmo com a esperança de vida a melhorar. Enquanto os dois países continuarão a dominar a população total em termos de número absoluto, a África assistirá aos aumentos mais acentuados da população, representando mais da metade do crescimento global da população nos próximos 35 anos, disse o relatório, que inclui previsões para os anos 2030, 2050 e 2100.
Todos os 48 países menos desenvolvidos, dos quais 27 estão na África, testemunharão um crescimento populacional acentuado. A Nigéria deverá emergir como o terceiro país mais populoso até 2050.
Quando se adiciona o potencial de mudança climática a essa equação, isso cria problemas adicionais, disse Newbold. Mudanças nos padrões de precipitação e possivelmente uma diminuição da precipitação em algumas partes da África, que serão incapazes de suportar colheitas e habitação humana no futuro, teriam repercussões, disse Roger-Mark De Souza, diretor de população, segurança ambiental e resiliência do Woodrow Wilson International Center for Scholars. Ainda hoje, 20 milhões de pessoas na região do Sahel na África, que se estende por todo o continente, estão em insegurança alimentar, acrescentou ele.
A composição da população também terá um papel crucial na determinação da forma como os países lidam com o estresse representado pelas populações balonistas, observaram especialistas. “A população está crescendo não apenas através da procriação, mas também por causa da longevidade”, explicou Sarah Harper, diretora do Oxford Institute of Population Ageing da Universidade de Oxford.
Desde que o crescimento da população é em grande parte resultado de melhores resultados em termos de saúde, significa que estaremos aumentando as fileiras de populações vulneráveis em ambos os extremos do espectro etário – os muito jovens e também os muito velhos. Os países que hospedarão essas populações já estão lutando para fornecer padrões de vida decentes para seu povo.
O mais velho dos velhos aumentam rapidamente
A dramática extensão da vida em todo o mundo, aumentando de 70 anos em 2010 a 2015 para 83 anos em 2095 a 2100, pode parecer uma boa notícia não adulterada, mas o que isso significa para a qualidade de vida não é tão simples.
O número de idosos, acima de 60 anos, mais do que triplicará, aumentando de 901 milhões em 2015 para 3,2 bilhões em 2100. Os mais velhos dos velhos, acima de 80 anos, estão projetados para aumentar a um ritmo ainda mais rápido, seus números aumentando sete vezes até a virada deste século.
“Quando você olha para as mudanças no meio ambiente e impactos das mudanças climáticas, aqueles que são mais vulneráveis a essas mudanças são os muito jovens e os muito velhos”, disse De Souza. Isto é verdade não apenas em lugares como a África, mas em todo o mundo”. Sabemos que as ondas de calor na Europa levaram à morte de pessoas idosas”, acrescentou De Souza. A Europa abriga atualmente a maior proporção de pessoas idosas em sua população.
Embora esteja fora do escopo deste relatório, a análise do crescimento populacional também leva em conta a rapidez com que a urbanização mudaria a face dos assentamentos humanos e afetaria sua capacidade de adaptação às mudanças climáticas. Em 2007, as Nações Unidas previam uma explosão nas populações urbanas, que, segundo elas, poderia ser de até três quartos da população mundial até 2050, a maioria residente em países em desenvolvimento.
O envelhecimento da população da China e a rápida migração para centros urbanos costeiros tornarão o país mais suscetível aos efeitos das mudanças climáticas, como a elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos, pesquisas recentes de cientistas do University College London e especialistas dos Estados Unidos, China e Índia descobriram.
Estas previsões são importantes para a adaptação porque nos ajudam a planejar com antecedência, disse De Souza, e há uma necessidade de entender a dinâmica populacional no contexto da resiliência.
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