Razão práticaEditar
Na sua Crítica da Razão Pura, o filósofo alemão Immanuel Kant afirmou que nenhum argumento bem sucedido para a existência de Deus surge apenas da razão. Em sua Crítica da Razão Pura, ele continuou argumentando que, apesar do fracasso desses argumentos, a moralidade exige que a existência de Deus seja assumida, devido à razão prática. Ao invés de provar a existência de Deus, Kant estava tentando demonstrar que todo pensamento moral requer a suposição de que Deus existe. Kant argumentou que os humanos são obrigados a realizar o summum bonum: os dois objetivos centrais da virtude moral e da felicidade, onde a felicidade surge da virtude. Como deveria implicar, argumentou Kant, deve ser possível que o summum bonum seja alcançado. Ele aceitou que não está dentro do poder dos humanos trazer o summum bonum, porque não podemos assegurar que a virtude sempre leva à felicidade, então deve haver um poder superior que tenha o poder de criar uma vida após a morte onde a virtude possa ser recompensada pela felicidade.
Philosopher G. H. R. Parkinson nota uma objeção comum ao argumento de Kant: que o que deve ser feito não implica necessariamente que seja possível. Ele também argumenta que existem concepções alternativas de moralidade que não se baseiam nas suposições que Kant faz – ele cita o utilitarismo como um exemplo que não requer o summum bonum. Nicholas Everitt argumenta que muita orientação moral é inalcançável, como o mandamento bíblico de ser como Cristo. Ele propõe que as duas primeiras premissas de Kant só implicam que devemos tentar alcançar o bem perfeito, não que ele seja realmente alcançável.
Argumento de verdades morais objetivasEditar
Bambos teístas e não-teístas têm aceitado que a existência de verdades morais objetivas pode implicar a existência de Deus. O filósofo ateu J. L. Mackie aceitou que, se verdades morais objetivas existissem, elas justificariam uma explicação sobrenatural. O filósofo escocês W. R. Sorley apresentou o seguinte argumento:
- Se a moralidade é objetiva e absoluta, Deus deve existir.
- A moralidade é objetiva e absoluta.
- Por isso, Deus deve existir.
Muitos críticos têm desafiado a segunda premissa deste argumento, oferecendo um relato biológico e sociológico do desenvolvimento da moralidade humana que sugere que ela não é nem objetiva nem absoluta. Este relato, apoiado pelo biólogo E. O. Wilson e pelo filósofo Michael Ruse, propõe que a experiência humana da moralidade é um subproduto da seleção natural, um filósofo teórico que Mark D. Linville chama de naturalismo evolutivo. Segundo a teoria, a experiência humana de obrigações morais foi o resultado de pressões evolutivas, que atribuíram um sentido de moralidade à psicologia humana porque foi útil para o desenvolvimento moral; isto implica que os valores morais não existem independentemente da mente humana. A moral poderia ser melhor compreendida como um imperativo evolutivo para propagar genes e, em última instância, reproduzir-se. Nenhuma sociedade humana hoje advoga a imoralidade, como o roubo ou o assassinato, porque sem dúvida levaria ao fim dessa sociedade em particular e a qualquer chance de sobrevivência futura da descendência. O empirista escocês David Hume fez um argumento semelhante, que a crença em verdades morais objetivas é injustificada e discuti-las não tem sentido.
Porque o naturalismo evolucionário propõe um relato empírico da moralidade, não requer que a moralidade exista objetivamente; Linville considera a visão de que isso levará ao cepticismo moral ou antirealismo. C. S. Lewis argumentou que, se o naturalismo evolucionário for aceito, a moralidade humana não pode ser descrita como absoluta e objetiva porque as declarações morais não podem ser certas ou erradas. Apesar disso, Lewis argumentou, aqueles que aceitam o naturalismo evolucionário ainda agem como se verdades morais objetivas existissem, levando Lewis a rejeitar o naturalismo como incoerente. Como uma teoria ética alternativa, Lewis ofereceu uma forma de teoria do comando divino que equiparava Deus à bondade e tratava a bondade como parte essencial da realidade, afirmando assim a existência de Deus.
J.C.A. Gaskin desafia a primeira premissa do argumento da objetividade moral, argumentando que deve ser mostrado porque a moralidade absoluta e objetiva implica que a moralidade é comandada por Deus, ao invés de simplesmente uma invenção humana. Pode ser o consentimento da humanidade que lhe dá força moral, por exemplo. O filósofo americano Michael Martin argumenta que não é necessariamente verdade que verdades morais objetivas devam implicar a existência de Deus, sugerindo que poderia haver explicações alternativas: ele argumenta que o naturalismo pode ser uma explicação aceitável e, mesmo que uma explicação sobrenatural seja necessária, não tem que ser Deus (o politeísmo é uma alternativa viável). Martin também argumenta que um relato não-objetivo da ética pode ser aceitável e desafia a visão de que um relato subjetivo da moralidade levaria à anarquia moral.
William Lane Craig tem argumentado a favor desta forma do argumento moral.
Argumento para a consciênciaEditar
Relacionado ao argumento da moralidade está o argumento da consciência, associado ao bispo do século XVIII Joseph Butler e ao cardeal do século XIX John Henry Newman. Newman propôs que a consciência, além de dar orientação moral, fornece evidência de verdades morais objetivas que devem ser apoiadas pelo divino. Ele argumentou que o emotivismo é uma explicação inadequada da experiência humana da moralidade porque as pessoas evitam agir imoralmente, mesmo quando isso pode ser do seu interesse. Newman propôs que, para explicar a consciência, Deus deve existir.
O filósofo britânico John Locke argumentou que as regras morais não podem ser estabelecidas a partir da consciência porque as diferenças nas consciências das pessoas levariam a contradições. Locke também observou que a consciência é influenciada pela “educação, companhia e costumes do país”, uma crítica montada por J. L. Mackie, que argumentou que a consciência deve ser vista como uma “introjeção” de outras pessoas na mente de um agente. Michael Martin desafia o argumento da consciência com um relato naturalista da consciência, argumentando que o naturalismo fornece uma explicação adequada para a consciência sem a necessidade da existência de Deus. Ele usa o exemplo da internalização pelos humanos das pressões sociais, o que leva ao medo de ir contra essas normas. Mesmo que uma causa sobrenatural seja necessária, ele argumenta, ela poderia ser algo diferente de Deus; isto significaria que o fenômeno da consciência não é mais propício ao monoteísmo do que ao politeísmo.
C. S. Lewis argumenta a existência de Deus de forma semelhante em seu livro Mere Christianity, mas ele não se refere diretamente a ele como o argumento da moralidade.